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A SEITA

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Eu estava no sexto chope. Isso queria dizer que Ângela estava atrasada quatro chopes. Foi exatamente no meio do sexto chope que o anão de recados entrou no bar e, embora nunca nos víssemos antes, me reconheceu e recadeou o recado:
— A Ângela mandou avisar que não virá ao encontro.
— Onde está ela? Por que não veio? - perguntei um tanto irritado.
— Posso sentar? — perguntou o anão, dando um pulinho para se sentar na cadeira ao meu lado. E num tom despachado de quem não tem muito tempo, me explicou:
— A Ângela não pôde vir porque aconteceu um imprevisto. Não sei se você sabe...Bem, sei que não sabe. A Ângela é uma garota especial. Ela faz parte da nossa seita. Ela é nossa sacerdotisa.
— Sacerdotisa? Seita? — eu não estava entendendo.
— A seita do Cachecol Sagrado — continuou o anão sem se perturbar. — Nós adoramos o Cachecol Sagrado. Fomos informados de que uma onda fria está vindo do sul do país. Fomos convocados com urgência. Segundo o boletim meteorológico, a onda fria pode chegar a qualquer momento e temos que estar preparados para os rituais no templo do Cachecol Sagrado. Tão logo passe a onda fria, a Ângela te procura. Agora tenho que ir. Você sabe, a onda...
O anão de recados desceu da cadeira e saiu apressado do bar. Começou a soprar um ventinho frio. Pedi um conhaque.

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